terça-feira, 27 de outubro de 2009

O melhor amigo

Esse é um dos pequenos contos que ando escrevendo, que têm como principal personagem uma única pessoa. Curtam aí.

Narradora/personagem: Demi Parker
Série de Contos "Quase sem querer"
Autora: Daniela G. de Souza



O melhor amigo


Jacob Willians, mais conhecido por Jake, é meu melhor amigo. Eu sei bem que tipo de melhor amigo todos que me conhecem socialmente pensam que alguém como eu tenha. Aquele tipo bem nerd, asmático, com um sério problema de espinhas e prisão de ventre. Bem, lamento decepcioná-los, mas meu melhor amigo é o oposto de tudo isso que acabo de citar.
Jake, com seus 1,80 de altura, pele bronzeada, sorriso perfeitinho,cabelos pretos e espetados (ou sensualmente bagunçados) e talento para amizades conquistou a popularidade da escola inteirinha. De fato, eu nunca acreditei muito que Jake tivesse algum futuro do tipo que todo astro escolar tem enquanto reina no colegial. Não que eu o achasse um desengonçado, esquisito que só iria descobrir sua ‘essência’ ao entrar no 1º ano. Ao contrário, Jake sempre teve esse modo...Bonito, vamos dizer assim, de ser. Só que o Jake que eu conheço desde os oito anos de idade não tem (ou não tinha) o perfil desses caras. Quero dizer, a personalidade. Ele era só um pirralho muito do engraçadinho que me botava apelidinhos, puxava meu cabelo e jogava vídeo game comigo (e sempre se revoltava quando eu ganhava dele no Street Fighter).
Nunca aos oito, nove, dez e seja lá mais quantos anos eu podia ter que eu veria o Jake como um cara do qual eu podia namorar, apaixonar e todas essas asneiras. Eu nem sequer entendia porque é que aquelas pivetinhas da 4ª série tanto suspiravam quando o viam (e se quer saber, ainda não entendo). Eu só me dei conta do sucesso do Jake com as garotas quando entramos na 7ª série. Começou a rolar um boato estúpido sobre eu e Jake namorarmos. Claro que quando eu soube disso desmenti na hora e deixei bem claro que eu e Jake éramos amigos e que isso não iria mudar. O fato foi que quando eu pensei que a maré havia abaixado, Livy começou a espalhar pela escola que eu era sim apaixonada por ele, mas disse tudo aquilo pra não acabar com nossa amizade e não pagar o mico de ser rejeitada.
Quando isso chegou aos ouvidos do Jake, tudo que ele fez foi dar risada. Aliás, rimos juntos. Dizer que sequer éramos apaixonados um pelo outro já era uma piada absurda demais. O ruim foi ficar com a fama de garota mal amada pela escola inteira.
Hoje, no 2º ano, as pessoas ainda não entendem muito bem como um cara tão influente, popular e social como Jacob pode ter uma amiga tão oposto disso tudo. Acontece que eu conheço Jake há tempo suficiente pra afirmar que ele é muito mais que essa imagem perfeitinha que criaram dele. Qual é, nós brincávamos de lutinha juntos! E se quer saber, eles deviam me agradecer pelo Jacob ter o visual que tem hoje, ou pelo menos o cabelo. Eu o ensinei a usar o gel.
Ele estava a ponto de passar cola no cabelo para deixá-lo em pé e com um visual bem rockstar. Claro que, consideremos que eu deixei ele fazer isso na primeira vez porque achei que seria bem engraçado (e de fato foi). Mas depois eu o ajudei a tirar toda a cola do cabelo. Fiquei uma semana rindo dele, mas a lição valeu, certo? Nada de cola no cabelo.
Jake eu tínhamos bastante coisa em comum, uma delas era a música. Eu, como filha de uma ex-roqueira, tinha nada mais nada menos que o rock, a música e o talento no sangue. Guitarra e piano sempre foram meus instrumentos preferidos e os de Jake também. Mas ele era melhor pianista, e eu melhor guitarrista. Um ajudava o outro naquilo que mais lhe trazia dificuldades na música. Nos outros aspectos da vida era a mesma coisa.
Jacob e eu tínhamos uma amizade intensa e duradoura demais pra acabar simplesmente por causa do ego dos outros (e até do próprio Jacob). Não que ele fosse alguém muito exibido e tudo mais, só que a atenção e a ‘adoração’ que as pessoas sentiam por ele ás vezes inflava um pouco seu ego. Era difícil aguentá-lo quando ele ficava assim. O bom é que isso era raro.
Éramos dois irmãos, tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais. O colegial era mortificante pra mim, para Jake era o paraíso, mas ele nunca havia deixado de ser ele mesmo. Deve ser por isso que somos tão amigos. Por causa da sinceridade e lealdade que sempre tivemos um com o outro.
Agora, deixando todo sentimentalismo de lado, a única coisa que me incomoda na vida super ‘badalada’ do Jacob na escola é o fato da minha arque-inimiga, Livy Taylor, ser sua ex-namorada, mas sempre seu grude particular. Ela e Jacob terminaram há 9 meses, mas ela nunca sequer larga do pé dele. O que é meio estranho, considerando que foi ela quem terminou com ele. Veio com aquela desculpa de “Não é você, sou eu” e acabou destroçando o coração do pobre Jake, que na época era apaixonadérrimo por ela. E, aquela história de “Não é você sou eu” soaria mais resumidamente e sincera na seguinte frase: “Arranjei outro, só lamento pra você.”.
Outro defeitinho do Jake: Ele acabou virando galinha por causa de sua experiência ruim com a Livy.
Viu como tenho motivos de sobra para tê-la como minha arque-inimiga? É muito difícil inventar desculpas para as ‘apaixonadas’ a cada vez que o Jake enjoa delas (depois de um dia juntos).
Mas fazer o que, melhores amigos são pra essas coisas. Ou quase isso.

sábado, 17 de outubro de 2009

Amor, love, liefhebben, aimer, 爱 *

Amor, eis aí uma coisa complicada de se entender. A gente ama, mas sofreee... É como se a cada vez que nos apaixonássemos estivessemos pedindo por um pouquinho de sofrimento no coração.
O ciúme, por exemplo, é uma coisa triste. Ô sentimentozinho cretino que toma conta das nossas emoções e razões. Imaginamos coisas que não existem, nossa estima cai e depois somos vistas como loucas ciumentas. Injusto, não? Ou somos a dona da razão, ou estamos apenas imaginando coisas. Como eu disse, amor: complicado.
Outra coisa, a falta de atenção.
"Jesus do céu, como essa criatura ousa não me ligar?! Que tipo de amor é esse que não tem um torpedozinho sequer? Sei lá, você podia de repente me dizer um "Eu te amo" só pra variar, sabe?"
Porque estamos sempre tão preocupados em sermos únicos?! É inevitável se sentir em segundo lugar por qualquer situaçãozinha cretina que aparecer. Queremos sempre exclusividade, mas damos exclusividade? Sinto muito, mas sempre disse a mim mesma e ás outras pessoas que recuso fazer com que meu mundo gire somente em volta de alguma pessoa. Eu tenho a mente aberta, não consigo basear a minha vida apenas a algo ou alguém. Tenho sempre que ter algo além. Isso não faz de mim uma pessoa fria ou arrogante. Acontece que é um modo de se proteger contra decepções. Botar uma pessoa num pedestal não faz dela mais amada. Amor é algo que vai muito mais além disso. É entender, aceitar.
Amor: complicado.
Medo de amar demais, medo de não saber dar valor, medo de não ser amado.
Por que será que uma palavrinha pode conter significados tão complexos? Uma palavra tão pequena, mas que une nações. Um sentimento tão grande, mas tão pouco valorizado, tão pouco compreendido.
Um sentimento que mesmo parecendo vir sempre com uma pontinha de dor vale a pena. As pessoas não pensam em coragem para se arriscar, elas se entregam à ele sem pensar no que virá depois.
Amor: complicado, mas no final das contas, amar faz tão bem que vale a pena. Se for verdadeiro não há ciúmes nem medos que acabem com ele. Além do mais, nada melhor do que ter alguém pra abraçar e dizer um bom e belo: eu te amo, certo?

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*A palavra amor em várias línguas