Estou farta do silêncio.
Quero que ao falar de mim, me olhe dentro dos olhos e diga exatamente o que
sente. Não importa o que seja. Não poupe palavras, não invente termos, não
invente sentimentos. Diga que me odeia, que sou detestável, bipolar e estressada.
Diga que nunca sentiu nada, que só precisava massagear seu
ego. Pare com a cena de vítima, não se faça de coitado quando tudo o que você
ganhou foi exatamente o que plantou. Eu não serei a vilã da história. Não sou
eu que recuarei, que ficarei de lado apenas com meus pensamentos enquanto ouço
suas tentativas falhas de ser o mais 'alguma coisa'. Muito pelo contrário. Eu
serei a que continuará com as palhaçadas no meio da turma, a que debaterá
quando você estiver errado, a que não terá receio em te olhar dentro dos olhos
quando for necessário dizer exatamente aquilo que penso de você.
Isso poderá, ou não, afetar o seu orgulho. Talvez você passe
a me odiar, a resmungar infortúnios sobre mim. Mas ainda sim insisto: diga
exatamente o que sente me olhando nos olhos. Ao menos cative em mim o respeito
que já tive por você e que se perdeu numa dessas estradas sombrias em que
passamos quando me desapontou.
Encare meu sarcasmo e meu sorriso cínico como sinais de que
não darei o braço a torcer. Eu faria por outro alguém, mas meu coração só é
inexistente para você. Portanto, assim será. Exclusivamente para você ele não
existirá. Mas dê graças pelo bom senso, pois somente ele manterá minha boa
educação e minha recusa em usar minha total indiferença. Talvez porque em algum
momento "nós" fizemos sentido. Doce ilusão, doce tortura e tamanha
estupidez que, felizmente, acabou.