domingo, 1 de dezembro de 2013

Olha! Uma bolsa nova!


Eu comprei uma bolsa nova.
É, eu. Eu mesma, Daniela. Aquela que recusou-se a gastar dinheiro com algo totalmente útil que necessitei por quase dois anos. E acredite ou não, comprar esta bolsa foi simbólico!
Não pensem na bolsa como apenas uma bolsa. Vejam bem, eu estou nesta fase realmente ruim em que tudo parece conspirar a favor do caos. Quisera eu estar sendo dramática!
O pior de estarmos em situações ruins é que, de certa forma, perdemos muito tempo nos sentindo injustiçados e esperando que soluções caiam do céu simplesmente porque, em nossa concepção, a ordem natural das coisas é de que a natureza precisa dar um jeito na bagunça em que nos metemos - afinal, nós merecemos essa consideração, não é mesmo?
Só que a vida nos ensina da pior maneira que nada disso vai acontecer. Se continuamos parados, continuaremos parados, assim como nossas vidas. Desejar a mudança sem tentar mudar é a coisa mais frustrante babaca que pode haver. Esta nossa soberba em ficar achando que não merecemos passar por certas coisas não passa de uma desculpa para o comodismo.
Sei disso porque eu mesma tenho usado isso como desculpa. Se penso em desistir da dieta, de um amor, de uma vida saudável, de um emprego bacana ou pior, desistir de mim mesma... Poxa, deve haver algo de errado aí. E será que a culpa é mesmo do mundo? E se for, e daí?
Percebi que em certo momento atingi o fundo do poço - lentamente - e apenas porque eu estava desistindo de mim. Eu estava aceitando que a vida não passa de uma sequência de erros onde não temos o menor controle sobre nada. E ela é mesmo! Mas quem disse que eu devia me convencer disso?
Já disse muitas vezes que a existência humana depende basicamente de buscar um sentido. Eu perdi o meu sentido e não estava dando a menor bola em encontrá-lo.
Então, minha consciência - uma dama extremamente chata e persistente - não me deixou desistir. Naquele momento solitário onde eu me vi sentada sozinha, lamentando sobre tudo e todos para mim mesma - sou praticamente a única que ouve as próprias lamentações existenciais - me ocorreu um lapso de vaidade.
De repente eu lembrei que eu precisava de uma bolsa nova. A minha estava um trapo, e não havia nem como usar a desculpa de que quanto mais velha, mais vintage -  e ser vintage tá na moda! Aquela bolsa havia presenciado muitas histórias. Histórias que agora tinham que ser deixadas pra trás.
Ali, eu não estava carregando apenas minha carteira e meu batom rosa mate - que, a propósito, faz eu me sentir uma diva. Eu carregava um passado cheio de belas, hilariantes, horríveis e constrangedores histórias, e este passado tinha que ficar aonde ele pertencia: ao passado.
Pois então, sim, eu comprei uma bolsa novinha e linda. Confesso que me custou dois cardigans e uma linda calça que eu namorava há um tempo...Mas sabe como é, utilitários são utilitários.
E eu estava precisando de um novo espaço para histórias novas.