Uma vez vivi um daqueles amores platônicos.
A gente demorou pra se envolver, e a coisa toda começou de um jeito muito complicado por nenhuma razão útil, aparentemente.
Ele era desapegado e tinha um jeito de cara descolado que não se dá conta do quanto é bonito.
A gente saía para os mesmos lugares. Aos fins de semana, ficávamos o dia todo buscando filmes no netflix.
A gente não tinha uma música. Eu sabia que ele gostava de um pouco de reggae. Ele não sabia bem do que eu gostava - o que eu, particularmente, achava uma pena.
Sempre achei vantajoso ter um gosto musical tão old school - e motivo de elogio. Música sempre foi importante pra mim. Então, por que foi que eu não criei nossa trilha sonora?
Por que eu não conversei por horas sobre como a música tem o poder de transformar uma situação banal em algo deslumbrante?
A gente se conheceu por um tempo, e depois estagnou.
Eu quis continuar o conhecendo, ele não estava muito interessado.
Mas a gente declarou amor um ao outro.
A gente romantizou nossos encontros na estação de trem e na praça de alimentação do shopping.
A gente falava sobre como seriam os olhos dos nossos filhos. Até ousávamos querer viajar juntos.
Acho que no fundo a gente sabia que nada daquilo iria adiante. Faltava disposição e paixão.
No fundo, eu sabia que era platônico. Devem ter sido as tatuagens e as costas largas.
Não terminou bem. Mas poderia ter sido pior.
Não foi romanticamente trágico, triste ou maduro. Foi banal.
Como nós um dia fomos.
A gente demorou pra se envolver, e a coisa toda começou de um jeito muito complicado por nenhuma razão útil, aparentemente.
Ele era desapegado e tinha um jeito de cara descolado que não se dá conta do quanto é bonito.
A gente saía para os mesmos lugares. Aos fins de semana, ficávamos o dia todo buscando filmes no netflix.
A gente não tinha uma música. Eu sabia que ele gostava de um pouco de reggae. Ele não sabia bem do que eu gostava - o que eu, particularmente, achava uma pena.
Sempre achei vantajoso ter um gosto musical tão old school - e motivo de elogio. Música sempre foi importante pra mim. Então, por que foi que eu não criei nossa trilha sonora?
Por que eu não conversei por horas sobre como a música tem o poder de transformar uma situação banal em algo deslumbrante?
A gente se conheceu por um tempo, e depois estagnou.
Eu quis continuar o conhecendo, ele não estava muito interessado.
Mas a gente declarou amor um ao outro.
A gente romantizou nossos encontros na estação de trem e na praça de alimentação do shopping.
A gente falava sobre como seriam os olhos dos nossos filhos. Até ousávamos querer viajar juntos.
Acho que no fundo a gente sabia que nada daquilo iria adiante. Faltava disposição e paixão.
No fundo, eu sabia que era platônico. Devem ter sido as tatuagens e as costas largas.
Não terminou bem. Mas poderia ter sido pior.
Não foi romanticamente trágico, triste ou maduro. Foi banal.
Como nós um dia fomos.