Hoje estou diferente. Não estou afim de
criticar ou questionar. Questionar tem sido o foco de minha vida nos últimos
tempos devido à imensa carga de informações que tenho recebido. Informações
diversas e variadas. Na verdade, tenho vivido um dia de cada vez, sem medos,
sem arrependimentos. Estou deixando a maré me levar sem ao menos pensar que
talvez eu vá parar no meio do oceano cheio de tubarões e orcas assassinas.
E quer saber? Tem sido bom. Nem me lembro mais
da última vez em que deixei que a opinião dos outros decidisse a maneira que
eu iria me sentir a respeito de mim mesma. De repente, eu era autossuficiente
para pensar e fazer aquilo que eu queria, porque eu havia realmente começado a
FAZER isso. Egoísta ou não, o fato é que minha vida passou a girar em torno de
mim mesma.
Não, eu não me transformei em uma narcisista.
Ainda penso nas pessoas, sinto compaixão ou alegria – embora tenha descoberto
que não sou tão sentimental quanto os personagens que crio. É que pela primeira
vez depois de um bom tempo eu vejo minha vida tomando um rumo, e estou sendo
forte o bastante para não permitir que ninguém atrapalhe isso. Não é ótimo?
E como se não bastasse, acabaram-se as
reclamações. Eu posso não ter experiências o bastante, ou nunca ter sofrido por
amor. Posso ter passado tempo demais construindo uma visão ilusória a respeito
de como o mundo gira ou de como as pessoas deveriam agir, e mesmo assim a
realidade que tenho enfrentado todos os dias antes mesmo do sol raiar não é um
choque para mim. Não cabe a mim reclamar. Eu não tenho esse direito, justamente
porque não preciso. Eu tenho mais é que agradecer.
Agradecer sim! Quem diria que hoje eu estaria onde
estou, que seria quem sou, e que tivesse orgulho de ser essa pessoa?
Ainda tenho muito que aprender, tenho
obstáculos a superar e experiências para viver. Não penso nas lágrimas, no
sofrimento. Tenho evitado fazer da lei de Murphy a minha lei. Minhas regras não
se ligam mais totalmente ao coração. Uso de minha capacidade pensante para
usufruir de minha racionalidade e autocontrole. Agora, só me resta esperar para
ver aonde chegarei.
O tempo é isento de minhas vontades, então
continuarei assim...Com a maré me levando, talvez em direção à uma bela ilha no
Pacífico, talvez em direção aos tubarões. Tudo depende. Mas mesmo com tanta
racionalidade e realismo, continuo com a esperançazinha de que se eu for jogada
aos tubarões, sempre terei uma mãozinha para me resgatar. E essa certeza é o
que me faz ir para frente. Espero que não seja a única a sentir isso.