sábado, 26 de janeiro de 2013

I'm too sexy for my love


 Eu estou de greve!
 Pois é. Chega de pessoas pobres de espírito e cheia de arrogância. Eu decidi que prefiro mil vezes estar sozinha à recorrer à primeira porcaria que me aparecer. É uma coisinha mágica que me veio à mente...Amor próprio, tá sabendo?
 Eu estou tão irritada com todos estes relacionamentos vazios e sem sentido ou futuro, atolados de ego e nenhum amor ou paixão que valha a pena! Mais do que isso, estou cansada de pessoas me tratando como se eu não valesse nada. Ah, pro inferno! Eu valho e muito!
 O que diabos posso fazer se a maioria das pessoas decidiram condicionarem-se a aceitar para si outras cujo padrão estético é mais importante do que a personalidade? E não! Eu não sou uma miss, eu não tenho um corpo perfeito e eu adoro comer! Pois é!
 Mas tudo bem, sabe? É melhor mesmo eu fazer uma varredura com as pessoas à minha volta. Jogar no lixo todos aqueles que pretendem, de forma inútil, me usar e jogar fora, me fazer de idiota ou tentar destruir minha auto-estima. Pobres tolos que não são dignos de minha piedade! - Muahahaha.
 Concluindo, eu estou mandando para a BOA MÃE que o pariu - não recorrerei à palavrões, é um espaço familiar! - todos os 'queridos' seres humanos que desprezo tanto neste momento.
 Aproveite e leve com isso seu maldito status quo. Se, aos seus olhos, o que faz de mim uma tola é não me enquadrar no que é aparentemente o mais "ideal", então eu devo ser mesmo uma tola. O que não me preocupa, afinal, aos olhos de pessoas realmente interessantes isso é visto como uma característica peculiar. Então continuem sendo os malditos pontos cinzas na multidão. Vou preferir o destaque à mediocridade.


(P.S: Não sei porque a imagem do Misha Collins, mas ele está tão sexy que não resisti.)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Sobre o post passado...

...Eu estava errada. Se apaixonar é superestimado. A realidade é bem mais trágica do que esperamos e as pessoas...decepcionantes.


domingo, 20 de janeiro de 2013

Estranho jeito de gostar


 Se tem algo pior do que gostar de alguém que não gosta de você, é retroceder à um antigo sentimento de paixão-ódio-amor que seria facilmente correspondido pelo indivíduo em questão na fase do ódio.
 É castigo. Eu não consigo encontrar outra solução a não ser a de acreditar que o Universo está me castigando por ter sido tão narcisista, metida e orgulhosa. A regra dos relacionamentos é bem clara quanto a isso: não se volta atrás em uma coisa dessas.
 Caso contrário, além de ter de lidar com este sentimento de "tarde demais", precisamos lidar ainda com a vontade de mandar toda a razão para os ares e arriscar tudo na roleta do dane-se.
 O problema disso não é a possibilidade do "não". Mais do que a dor de um "não" é a dor de ter que ouvir todos os motivos que te fizeram indigna do afeto de fulano. E isso porque está bem claro que ele terá razão, caso contrário não seria tão torturante voltar a essa trama à la Usurpadora.
 O clichê da curiosidade de saber como poderia ter sido nos impede de evitar isso. O arrependimento me mata por não tentar, e logo depois acaba comigo por arriscar. Eu até sobrevivo, mas nunca terei absoluta certeza de que as coisas voltarão a ser como eram.
 Mas o que seria tudo isso senão uma jogada ligeira do destino para juntar duas pessoas que, no final das contas, deveriam ficar juntas? Lidamos precocemente com os altos e baixos de um relacionamento que nem sequer aconteceu. Sabemos exatamente o que nos irrita um no outro e querendo ou não sempre acabamos voltando ao ponto inicial de amizade civilizada.
 Quem diria que o relacionamento mais complicado da minha vida fosse um que nem sequer existia de uma forma afetiva amorosa?
 Eu tive que cometer todos aqueles erros que me fizeram indigna de pertencer a ele, porque por mais detestável que eu possa ter sido em minhas tentativas de desvencilhar-me de suas investidas, eu tirei algo disso.
 E isso é alguma coisa!
 Não sei se conseguiria ser tão compreensiva se estivesse no lugar do indivíduo. Aí estaria a resposta que procuro: este sentimento realmente vale alguma coisa ou é tão superficial quanto os outros?
 Estou me dando ao luxo de arriscar um "não", um "tarde demais", ou talvez até coisas piores. E tudo isso porque logo que começo a pensar nisso, não me parece um sentimento absurdo. É simplesmente empolgante, do tipo que me faz sorrir feito besta. E mesmo que no final isto acabe não dando em nada, vou saber que pelo menos ousei sentir, sonhar e arriscar da forma mais verdadeira que já fiz em toda a minha vida.


sábado, 19 de janeiro de 2013

À criança interior


 Oi. Tudo bom? Você deve me conhecer. Pff, é claro que me conhece. Eu meio que sou você com 19 anos, beirando aos 20. Estou escrevendo porque por algum motivo sinto que lhe devo muitas explicações sobre as coisas que faço e que sinto.
 Lembra daquela fantasia de crescer e ser quem você sempre desejou? Parabéns, estamos no caminho certo. No futuro você tem um gosto melhor para se vestir, uma língua afiada para se defender e um corte de cabelo mais bonito.
 Eu sei que as coisas não foram fáceis, mas ser totalmente o inverso das pessoas que tanto te enchem o saco é uma coisa boa, muito boa. Esteve certa em não fantasiar com os caras perfeitos, e ao invés disso pensar numa carreira em que você detonasse. Bem, sobre isso, ainda estamos resolvendo.
 Mas devo admitir que certas coisas não lhe trariam orgulho. Alguns de nossos princípios já foram ignorados por pura besteira e acabei sendo muito idiota ás vezes. Ainda faço isso de vez em quando, mas consigo me perdoar mais facilmente. Pois é, não acumulamos mais culpa como costumávamos fazer.
 Ainda não achei um cara perfeito. Sabe como é, o mercado está em baixa. São muitos produtos em liquidação, não há muitas novidades, apenas uma parcela decepcionante de homens que não se importam mais com o romance, sentimento ou cavalheirismo. Aliás, sinto lhe informar, mas caras perfeitos não existem! Pois é. Foi melhor mesmo deixar o romantismo para os livros e o cinema. Mas ainda é tentador.
 Em algum momento você vai perceber que o melhor que pode deixar entrar em sua vida é alguém diferente de você. E é bem possível que vocês briguem muito, façam as pazes e briguem de novo por besteiras. Vai perceber a ironia da coisa toda logo que sentir que não pode mais viver sem ele, ou conviver com seu silêncio.
 Algumas atitudes serão movidas por pura carência social, então não se martirize tanto se ligar marcando um encontro com alguém que não está apto para ocupar o posto de namorado. É normal. Ás vezes basta um bom livro, um beijo descompromissado, uma conversa cheia de risadas ou um pôr do sol na praia. Deixe os dramas desnecessários pra lá.
 Aprenda a diferenciar felicidade a prazer. Mesmo que não pareça, são coisas distintas. O prazer compõe parte da felicidade, mas não tudo.
 E só não esqueça do que realmente importa. É muito fácil se deixar levar pelas tentações do mundo, mas elas nunca serão capazes de preencher qualquer vazio que possa haver dentro de você.
 Então, por favor, continue sonhando, imaginando, criando e batalhando pelo o que te faz feliz.
 E o mais importante,  não leve a vida tão sério...Sério! Isso vai acabar te deixando maluca.

                                                                                                      Com amor, VOCÊ.





 Daniela Souza tem quase 20 anos de idade e não abre mão de sua criança interior. Na verdade, adoraria voltar ao tempo em que passava as manhãs assistindo à "Turma do Charlie Brown" e "Looney Tunes".


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Aquele dilema de sempre


 Sei bem que não sou a única a sentir frio na barriga diante de novas experiências. Elas me enlouquecem e são mestres em me tirar o sono. Frequentemente tento escapar delas, o que é irônico para alguém que reclama da rotina.
 Dizem que isso não passa de medo de se decepcionar. Acho isso uma completa besteira. Não dá pra evitar o inevitável. Decepção é a coisa mais comum do mundo.
 O que me incomoda é o sentimento de impotência que certas experiências possam vir a me trazer. Isto se resume aos momentos em que faço algo e logo depois me pego pensando no quão idiota foi minha atitude, ou no porquê de ter dito algo de modo tão mal colocado. E o fato de não poder mudar isto me irrita.
 Certo, é possível que eu tenha um certo medo de me decepcionar, admito. Mas de decepcionar a mim e não que os outros me decepcionem. De acordar e saber que não passo de mais uma tola que caiu e contos do vigário e se deixou envolver com algo predestinado ao fracasso. É medo de se sentir idiota. Medo do drama, do durante, do término.
 Queria que houvesse uma fórmula mágica para perder isso, mas sabemos bem que o único jeito é encarando. E isso é terrível! Sei que tudo na vida só acontece para aprendermos uma lição. Bacana, mas e depois? E quanto ao carma? Não dá pra evitar o castigo pelos erros? A dor sentida não será o suficiente nunca? Realmente dá pra se redimir ou estaremos sempre em dívida com o passado - ou com um ser superior?
 Estas questões me travam. A verdade é que estou atolada de lições. É cansativo pensar que elas nunca acabarão enquanto eu estiver viva. Mais cansativo ainda é saber que este frio na barriga continuará por todas as vezes em que eu estiver prestes a arriscar.
 Seria mais fácil se eu fosse uma daquelas pessoas viciadas em adrenalina. Infelizmente sou uma medrosa nata. Não gosto de montanhas-russas, entro em desespero quando tento matar zumbis no videogame, fecho os olhos nas partes mais horripilantes dos filmes de terror, não namoro para evitar "discutir a relação" e deixo a maior parte de meus pensamentos homicidas de revolta acumularem-se em minha cabeça enquanto sorrio por fora de forma cínica para mostrar que sou inatingível.
 Quer dizer, mas que merda estou fazendo?
 Escrever é o que me conforta. De alguma forma é como se alguém pudesse me entender. Torna tudo mais compreensível, perdoável. Me lembra de que também sou um ser humano. Cometo erros. Posso estar vendo o previsível que pode se tornar imprevisível. Posso errar meus julgamentos mais facilmente do que imagino, e o fracasso que aparentava estar predestinado talvez não esteja.
 E mesmo depois de todas estas palavras não me convenço. A boa moral não sai de mim e faz com que coração e cabeça trabalhem por si só. Como não sou lá muito emotiva, estou fadada a escolher sempre a razão. Mas a curiosidade permanece intrínseca em algum lugar aqui dentro e fica muito, mas muito difícil ignorá-la.
 Seria um erro. Como bater a porta na cara das novas experiências e permanecer no limbo entre o certo e o curioso.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Erros melhores amanhã


 Semana passada estava odiando pessoas. Cheguei a escrever um texto um tanto revoltado - chegando até a fazer meu chefe se deliciar com minhas "adoráveis" palavras. Eu o escrevi aqui mesmo, como rascunho, peguei a imagem perfeita para definir minha intenção com o texto e estava pronta para postar o link do blog no facebook para que todos pudessem compartilhar de meu sentimento.
 Só que eu não fiz isso.
 Semana passada eu estava odiando pessoas e hoje começo a admirá-las.
 Quando estamos cegos de raiva nunca paramos para pensar com a razão, a verdadeira, não a nossa. Não existe verdade única neste momento além de nossa própria versão dos fatos e de nosso julgamento. Bem, acabou que eu quebrei a cara.
 Meu objeto principal de repulsa naquele momento me chamou para uma conversa. Eu odeio este tipo de conversa. Estava pronta para soltar os cachorros, dizer tudo que havia em minha mente e me apoiar na desculpa de que estava no direito por estar muito puta. Afinal, a culpa não era minha!
 O que me aguardava naquela sala vazia era uma conversa madura. Foi um choque no começo, admito. Na maior parte das vezes discuto com pessoas que se parecem comigo quando se trata de querer estar certo. E bem, todos querem estar certos! Mas não aquela pessoa.
 Não sei bem se o que testemunhei não passou de um milagre ou se eu estava simplesmente desacostumada com tamanha humildade. Pois é, o sujeito do qual eu há pouco denominava como "quase um psicopata" por não possuir emoções mostrou-se o inverso disto. E não pensem que não passou pela minha cabeça aquilo ser um truque de manipulação. Psicopatas são muito bons nisso.
 Mas não era. Não foi com palavras bonitas que o sujeito ganhou meu respeito. Foi com - pasmem - sinceridade. Não o tipo de sinceridade que alguns fazem questão de jogar na sua cara com a nítida intenção de fazer você se sentir um lixo.
 Eu presenciei um ser humano explicando os fatos exatamente como ocorreram, sem tirar nem pôr, e ainda sim pedir desculpas por ter passado a imagem errada através de suas atitudes. E, é difícil explicar como alguém que não consegue nem confiar no melhor dos seres humanos pôde acreditar tão honestamente nas palavras de alguém cujo caráter era extremamente duvidoso há alguns dias.
 Não sou profissional na arte das "conversas sérias". Em minha vida elas sempre se resumiram a choros, gritos e raiva. Bom senso sempre passou longe. Infelizmente, acabei adquirindo esta péssima mania de prolongar o tipo.
 Este episódio me fez pensar muito na pessoa que eu estava me tornando. Eu estava tentando fazer o certo da maneira errada, e tudo porque eu não estava nem um pouco interessada neste tipo de maturidade. Acho até que não sabia exatamente como usá-la.
 Percebi que, até semana passada, eu era uma menininha mimada que só acreditava naquilo que me convinha. E eu sequer gostava deste tipo de pessoa. É engraçado como as lições aparecem em nossa vida de forma extraordinariamente misteriosa. Eu precisei, através do exemplo, aprender o que era usar o bom senso e agarrar a humildade, de forma a ignorar completamente todo e qualquer orgulho que espera acabar com a harmonia nas relações entre as pessoas.
 Olhei para trás e vi tudo o que eu havia perdido pelo orgulho, e tudo aquilo que ele me prometera e não cumprira. Eu não era uma pessoa melhor por me afastar de alguém cujo jeito não me agradava, e não era melhor por feri-las com minhas palavras.
 Então, acredito eu que os seres humanos não são bem um caso perdido como eu costumava pensar. Somos extremamente capazes de sermos bons e leais uns com os outros, sem alimentar tanto nosso ego. Ouso dizer que alguns de nós somos pequenos milagres capazes de mudar vidas.
 Um deles mudou a minha, e eu sou simplesmente muito grata por isso.

 "Eu cometerei erros melhores amanhã.

                               Com amor, Dani."

domingo, 6 de janeiro de 2013

Discutindo "sociabilidade"


"Minha vida social é ótima!", respondi à crítica de uma amiga no inbox do facebook. Imagino que o "Hahaha" dela indicava uma leve dúvida a respeito de minha afirmação. Mas pior do que o "hahaha" foi o "Sei...".
 "Sabe o quê?!", pensei levemente irritada.
 Odeio essas pessoas que se dizem donas da minha verdade. Se afirmo que minha vida social é ótima - e isso nem parece um sinal claro de estar na defensiva - o mínimo que o sujeito deve fazer é concordar sem questionar ou soltar comentários sarcásticos. Quer dizer, é uma questão de educação, certo?
 Eu entendo o quão divertido parece ser questionar de forma irônica as questões que claramente demonstram ser o contrário do que dizem, mas pessoal, qual é!
 Irritada, porém agradecida pelo facebook não mostrar meu nível de irritação, continuei a conversa:
"E o que seria ter uma vida social aceitável em seus padrões, Srta. Popular?"
"Bem, pra começar, você está no facebook em um sábado à tarde." - disse ela, como se também não estivesse fazendo o mesmo.
"Certo, então devo concluir que, na verdade, estou teclando com um robô e que seu verdadeiro "eu" está lá fora brincando de perseguir bolhas?"
"Estou na casa de meu namorado."
 Ficou bem claro que aquela era sua carta final, mas não a minha. Eu não ia me render assim tão facilmente.
"Divertido. Você no facebook e ele coçando no sofá assistindo ao jogo! Yupii! Que inveja!" - comentei me deliciando de minha razão.
"Não. Ele está se arrumando pra irmos ao cinema. Depois vamos passar na festa de aniversário do amigo dele lá no Brooklyn e finalizar o sábado em um motel 5 estrelas."
 Desconcertada, me recordando de meus planos para à noite - uma sessão de filmes online com Ben Barnes e Joseph Gordon-Levitt - respondi:
"Bem, você já viu como está o tempo lá fora? Vai cair uma chuva!"


sábado, 5 de janeiro de 2013

A síndrome dos términos


 Já me disseram uma vez que eu canso muito rápido das pessoas. Minha resposta automática foi: "Pff, eu não me canso delas. Elas é que me cansam."
 Isto não passou de um instinto, afinal, por mais arrogante, orgulhoso e egoísta que pareça meu comentário, eu nunca posso ser considerada a vilã da história. Veja bem, NUNCA.
 Ninguém gosta dos vilões - a não ser que ele seja uma Carminha ou Laura Cachorrona da vida.  Os vilões da vida real não recebem nenhum tapinha nas costas seguido de um "É isso aí!". Não há perdão, ninguém se diverte com tal personalidade dominadora e desprendida.
 É por isso que sempre que "alguém me cansa", a culpa é automaticamente jogada de meus ombros para o ombro de fulano. Quando os motivos são bastante relevantes é fácil. Todos vão concordar com seus motivos, porque aquilo não é moralmente aceitável. Você é quem tem a chance de dar a volta por cima e de, posteriormente, encontrar o sujeito no fundo do poço e se mostrar superior, feliz, benzaçaaa, e esfregar na cara dele com muito gosto o que ele perdeu - não literalmente, ele provavelmente iria gostar disso.
 Mas ainda sim tem as vezes em que é preciso procurar vestígios de mal-caratismo. É quando absolutamente nada mudou na relação. Ele continua o mesmo, com as mesmas piadinhas e o mesmo jeito de te irritar. Só que não é mais fofo, não há mais atração e as piadas tornam-se intoleráveis. Não dá mais pra fingir uma risada e pensar: "Haha, que besta! Mas adoro ele!". Ao contrário, meu bem. Tudo o que resta é uma cara feia - ou no meu caso, um sorriso cínico e um comentário sarcástico a respeito dos aparentes defeitos dele que ele finge não existirem.
 A verdade não dita - e que deve doer - é que acabou a atração, o interesse e a vontade de continuar insistindo. Transformá-lo no vilão só é importante no começo para desencargo de consciência. Chega um estágio em que a relação está tão "cagada", por assim dizer, que mandamos tudo para o espaço. E então não interessa mais de quem é a culpa, porque estamos anestesiados por nossa própria razão: a de que não vai mais rolar.
 Por isso não sou contra o "Não é você, sou eu" como término resumido e indolor. Todo mundo sabe que honestidade não é tão bem vista, especialmente se isso atingir seu ego. Ninguém gostaria de ouvir a dura verdade de que, de fato, "É você! Não eu!". Só uma pessoa completamente puta da vida e com desejo de vingança, que adoraria pisar em cada vestígio de dignidade que ainda resta no pobre coitado, para usar de tamanha honestidade.
 Eu não sou assim. Gaguejo quando tento ser honesta e jogo a culpa na "falta de tempo" ou no clichê "Eu quero estudar". Se fosse comigo pensaria: "Porra, o que têm a ver?! Estou colocando uma arma na sua cabeça e te impedindo de estudar?!".
 Não tem jeito, é um padrão social que não consigo me livrar. Futuros exs - namorados, peguetes, beliscos e afins - são como filhotinhos de cachorro prestes a serem abandonados no meio da estrada. E se você gosta de cachorros, sabe o quão doloroso é ver aqueles olhos implorando por clemência.
 Então, se apoiar no argumento de que as pessoas é que me cansam não é tão ruim assim, é verdadeiro. Mas não vou sair por aí magoando corações e pisando em egos quando a culpada sou eu por enxergar muito tarde aquilo que estava bastante explícito enquanto eu estava cega de paixão só por causa de uma pegada mais interessante.


E ríamos, ríamos e ríamos


 "Eu sou uma piadista", pensei ao levantar pela manhã. Perdi horas de sono à noite pensando nas mesmas coisas inúteis de sempre e assistindo à filmes mentirosos sobre como as pessoas arriscam tudo pelo "provável" amor verdadeiro. Então, concluí que o motivo de este tipo de coisa não acontecer comigo é simplesmente porque sou uma piadista.
 Não daquele tipo Ari Toledo. Em questão de piadas em si, estou mais para "A Praça é Nossa", sempre tentando explicar a piada logo depois de ver a expressão confusa nos rostos de meus amigos. Além do fato de eu não saber como contar uma piada.
 Mas entendam: eu não consigo levar coisas a sério por muito tempo. Se participo de uma conversa sem demonstrar sarcasmo ou soltar as tais piadinhas ruins é porque o bicho tá pegando! Quando o assunto é relacionamento, então, sou uma megera destruidora de ilusões e quebradora de climas.
 As pessoas passam por situações absurdas por causa deste tal "amor verdadeiro". Apesar de passar madrugadas assistindo à comédias românticas e desejando secretamente ter uma vida tão bacana, é extremamente difícil para mim aceitar as crises do "verdadeiro amor" na vida real. Por isso mesmo é inevitável não soar como uma chata feminista quando de minha boca saem conselhos como: "Ah, manda ele ir se fud*r!", "Ah ta, melhor amiga, amiga? Esse cara tá pegando ela! Se liga" ou o clássico esmagador de corações: "Deixa de ser troxa!".
 Não duvido que isto deve ser o efeito colateral de uma vida sem um relacionamento duradouro o bastante para ser considerado amor - lê-se "encalhada a tempo demais" - mas se me perguntarem, eu nego! Quem precisa de maturidade amorosa aos 19 anos de idade? Honey, please!
 Só que a grande ironia de pessoas como eu reside no fato de, mesmo não levando absolutamente nada disso a sério e tentando sempre acrescentar um toque de humor às mais épicas situações de constrangimento e fracassos amorosos, nós temos curiosidade de saber como é estar nesta novela em que nossas amigas se apoiam - o que é muito imbecil, considerando que na maior parte das vezes temos vontade de socá-las com seus draminhas desnecessários de adolescente que perdeu a virgindade e encontrou a razão de seu viver.
 Começo a acreditar - e honestamente não quero acreditar - que a maioria das pessoas são muito sérias, metódicas e chatas (certo, também sou um pouco metódica). "Namorar sério", por exemplo, soa como um contrato:
 "Ei, você não pega mais ninguém e eu também não. Andaremos de mãos dadas, você me apresentará aos seus pais e mudará seu status no Facebook, além de postar mensagens românticas em meu mural ao menos três vezes por semana. E faça o favor de parecer cair de amores por mim. É sério!".
 Não que eu não ache esta vida "tentadora", uh la la, eu acho. Mas eu não consigo evitar, não quero uma paixão metódica. Porque, apesar de saber que Hollywood está mentindo, ainda quero beijar embaixo da chuva, quero um cara que atravesse o mundo por mim, que diga assistir "Diário de uma Paixão" porque sabe que aquilo deveria ser o certo, que levante os braços em sinal de vitória por ter me ganhado, como John Bender em "Clube dos Cinco". E eu adoraria um apaixonado tão dedicado como Joseph Gordon-Levitt em "500 dias com ela".
 Só que nada disso vai acontecer. E eu vou continuar assistindo, escrevendo, sonhando e fazendo piada dos dramas alheios. Sei que continuando assim estarei destinada à essa vida de comediante que explica suas piadas, mas vai ver o destino decida ser generoso e perceba que, no fundo, eu devo merecer um romance cinematográfico. Ou um cara legal, o que já está de bom tamanho.
 Especialmente se for Joseph Gordon-Levitt.
 Só que não.
 Realidade é um porre.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Ressaca de Passado


  Era exatamente meia-noite e eu presenciava as boas vindas ao novo ano ao som de fogos de artifício que iluminavam lindamente o céu limpo e, por um milagre, sem aparentar chances de chuva.
 Como uma fã nata da arte de filosofar, não pude evitar de, naquele momento, me perguntar o porquê desta atração fatal que temos pelos recomeços. A chance de poder fazer tudo de novo, só que melhor, nos atinge muito precocemente. Chego a acreditar que, na realidade, nos preparamos o ano inteiro para aquele momento final de promessas que incluem melhorias no caráter, no físico, na mentalidade e, de repente, até na alma.
 Junte isso à chuva de prata rasgando o céu e uma trilha sonora no mínimo emocionante e teremos o final de um blockbuster diante de nossos olhos.
 Eu gosto desta sensação. É como uma anestesia a todas as adversidades do ano que passou. Somos merecedores disso. Ninguém merece uma vida totalmente regrada, sem direito à lapsos de fantasia e momentos de felicidade cinematográficos.
 Só que a magia acaba muito rápido. Manter aquele espírito animador de festas por mais um ano é um desafio. O que nos resta é a ressaca. As marcas do passado voltam, por mais tentadora que seja a ideia do recomeço.
 Graças a Deus que nos sobra a esperança de melhora. Caso não nos agarremos a ela, estaremos à mercê desta ressaca que só passa em mais um réveillon. Ou seja, um filme que acaba sempre do mesmo jeito, sem direito ao tão almejado "novo" que vivemos esperando encontrar.