Semana passada estava odiando pessoas. Cheguei a escrever um texto um tanto revoltado - chegando até a fazer meu chefe se deliciar com minhas "adoráveis" palavras. Eu o escrevi aqui mesmo, como rascunho, peguei a imagem perfeita para definir minha intenção com o texto e estava pronta para postar o link do blog no facebook para que todos pudessem compartilhar de meu sentimento.
Só que eu não fiz isso.
Semana passada eu
estava odiando pessoas e hoje começo a admirá-las.
Quando estamos cegos de raiva nunca paramos para pensar com a razão, a verdadeira, não a nossa. Não existe verdade única neste momento além de nossa própria versão dos fatos e de nosso julgamento. Bem, acabou que eu quebrei a cara.
Meu objeto principal de repulsa naquele momento me chamou para uma conversa. Eu odeio este tipo de conversa. Estava pronta para soltar os cachorros, dizer tudo que havia em minha mente e me apoiar na desculpa de que estava no direito por estar muito puta. Afinal, a culpa não era minha!
O que me aguardava naquela sala vazia era uma
conversa madura. Foi um choque no começo, admito. Na maior parte das vezes discuto com pessoas que se parecem comigo quando se trata de querer estar certo. E bem, todos querem estar certos! Mas não
aquela pessoa.
Não sei bem se o que testemunhei não passou de um milagre ou se eu estava simplesmente desacostumada com tamanha humildade. Pois é, o sujeito do qual eu há pouco denominava como "quase um psicopata" por não possuir emoções mostrou-se o inverso disto. E não pensem que não passou pela minha cabeça aquilo ser um truque de manipulação. Psicopatas são muito bons nisso.
Mas não era. Não foi com palavras bonitas que o sujeito ganhou meu respeito. Foi com - pasmem - sinceridade. Não o tipo de sinceridade que alguns fazem questão de jogar na sua cara com a nítida intenção de fazer você se sentir um lixo.
Eu presenciei um ser humano explicando os fatos exatamente como ocorreram, sem tirar nem pôr, e ainda sim pedir desculpas por ter passado a imagem errada através de suas atitudes. E, é difícil explicar como alguém que não consegue nem confiar no melhor dos seres humanos pôde acreditar tão honestamente nas palavras de alguém cujo caráter era extremamente duvidoso há alguns dias.
Não sou profissional na arte das "conversas sérias". Em minha vida elas sempre se resumiram a choros, gritos e raiva. Bom senso sempre passou longe. Infelizmente, acabei adquirindo esta péssima mania de prolongar o tipo.
Este episódio me fez pensar muito na pessoa que eu estava me tornando. Eu estava tentando fazer o certo da maneira errada, e tudo porque eu não estava nem um pouco interessada neste tipo de maturidade. Acho até que não sabia exatamente como usá-la.
Percebi que, até semana passada, eu era uma menininha mimada que só acreditava naquilo que me convinha. E eu sequer gostava deste tipo de pessoa. É engraçado como as lições aparecem em nossa vida de forma extraordinariamente misteriosa. Eu precisei, através do exemplo, aprender o que era usar o bom senso e agarrar a humildade, de forma a ignorar completamente todo e qualquer orgulho que espera acabar com a harmonia nas relações entre as pessoas.
Olhei para trás e vi tudo o que eu havia perdido pelo orgulho, e tudo aquilo que ele me prometera e não cumprira. Eu não era uma pessoa melhor por me afastar de alguém cujo jeito não me agradava, e não era melhor por feri-las com minhas palavras.
Então, acredito eu que os seres humanos não são bem um caso perdido como eu costumava pensar. Somos extremamente capazes de sermos bons e leais uns com os outros, sem alimentar tanto nosso ego. Ouso dizer que alguns de nós somos pequenos milagres capazes de mudar vidas.
Um deles mudou a minha, e eu sou simplesmente muito grata por isso.
"Eu cometerei erros melhores amanhã.
Com amor, Dani."