Eis uma história
engraçada: eu não escrevo há algum tempo. Gostaria de dizer que não escrevo há
anos para dar um efeito mais impactante no texto, mas daí eu estaria mentindo.
Bom, tudo bem. Não
é bem uma história engraçada. É meio deprimente, na verdade. Mas isso pode ser
relativo. Quer dizer, vejo meus textos antigos e em alguns deles eu vejo uma
garota deprimida e insegura. E então eu leio mais adiante e vejo a mesma garota
sonhando, e logo depois sendo cínica, e depois sendo cética.
Sabe como é, fases.
Hoje essa garota –
que por um acaso ainda sou eu – não sabe bem como se definir, mas ela gosta de
ser vista como uma jovem adulta, uma mulher.
Ta legal, vou parar
de falar em terceira pessoa.
Estou aqui para
dizer que eu cresci um pouco, e fiquei meio confusa, e larguei a escrita, e
então me arrependi e estou com saudades. Uma saudade imensa do som das teclas
do meu velho notebook sendo apertadas de forma frenética e empolgada porque há
um amontoado de palavras vindas sabe-se lá de onde, loucas para serem escritas.
Elas podem nem
fazer muito sentido agora, mas não ligo. Digo isso porque ao abrir a página do Word,
minha intenção era escrever uma resenha sobre o filme “Ligados pelo amor” – que
eu achei simplesmente lindo. Eu iria falar algo a respeito de perdão, família e
provavelmente também usaria a palavra “reconciliação” – porque eu gosto dessa
palavra. Mas agora eu não quero falar disso. Não estou me sentindo sentimental
o bastante.
Na verdade, estou
voltando a alguns antigos hábitos, como ler Douglas Adams – tem sido uma
terapia. E é difícil não me sentir preenchida quando eu vejo todas estas linhas
escritas e percebo que ainda há algo a ser dito. Caramba, há muita coisa a ser
dita!
E eu poderia tentar
contar toda a minha trajetória desde o último post, mas isso daria muito
trabalho e você provavelmente ficaria entediado. Talvez eu conte uma ou outra
coisa no futuro, ou escreva contos sobre isso. Mas por agora, eu quero apenas
esbanjar esta plena satisfação de saber que aqui dentro ainda paira a alma de
uma escritora.
Uma escritora que
nunca conseguiu de fato terminar de escrever um livro e que detesta a ideia de ler o mesmo romance porque
parece uma perda de tempo com tantos outros esperando para serem lidos. Não é
muito admirável, eu sei. Digo isso porque acho incrível essas pessoas que
conseguem ler o mesmo livro várias vezes e decoram suas frases preferidas.
Eu
queria conseguir citar as frases dos meus autores favoritos durante uma
conversa, ou sair por aí dizendo que amo Hemingway só pra parecer mais
intelectual. Só que eu nunca li um romance de Hemingway – e lamento mesmo por
isso – além de não conseguir decorar uma frase sequer dos livros que já li.
Na verdade, o
primeiro livro que lembro de ter amado foi “A garota americana” de Meg Cabot. E
apesar de não me orgulhar disso, eu era uma leitora voraz da série “Crepúsculo”.
E entrando na onda da moda dos vampiros, não deu pra evitar ler “Os diários do
vampiro” – e sim, eu me sentia o máximo por isso.
O fato é que todos
esses universos criados por autores célebres - e autores meia boca - me
trouxeram até este momento: As onze e meia de uma quarta-feira turbulenta e
meio estressante, em frente ao meu computador, num raro silêncio que invade a
minha casa e aquieta meus anseios.
O que posso dizer?
É bom estar de volta.