quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Yellow

Hoje eu me lembrei de como era fácil ser sentimental. Como era fácil se apaixonar pelas histórias que eu lia ou assistia nos filmes. Aquele sentimento de amor platônico pelo mocinho charmoso e a admiração pela protagonista sofrida, mas que tinha o "algo a mais" que tanto se fala por aí.

Eu não gostava de ser a Daniela de 13 anos, mas eu gostava dos sonhos dela. Eu amava sua facilidade em criar histórias e imaginar cenários mais positivos para sua vida.

Ela tinha um brilho raro no olhar, mas nenhuma noção de si mesma. Lá estava ela sempre em seu mundinho, rodeada de livros velhos, canções românticas de artistas desconhecidos e roteiros intermináveis em seu desktop.

Lembro quando descobriu o Google Street e passava as suas férias inteiras criando rotas de seus personagens pela cidade de San Francisco. E de quando esperava o ônibus às terças e quintas naquele ponto de ônibus perto daquela vista linda de prédios iluminados.

Era tão fácil se ver como uma pessoa diferente. 

Também era mais fácil se imaginar amando, e acreditar que, por mais que a vida real não fosse tão encantadora como nos filmes, havia grandes possibilidades de encontrar um alguém disposto a amar e lutar por ela.

Hoje não é difícil concluir que aquela garota não passava de uma ingênua. Mesmo assim, não consigo evitar de sentir essa vontade de ser um pouco mais parecida com ela de novo. No jeito que ela sonhava, na fé que mantinha, no jeito que enxergava o mundo e com certeza na rapidez com que lia livros.

Eu sinto falta da sua ansiedade em viver o melhor que ela poderia se tornar.

* YELLOW porque eu estava ouvindo Coldplay :|