domingo, 2 de setembro de 2018

Sobre ser o que eu bem quiser


Esse não é um protesto feminista.

De fato, não sou uma feminista.

Se eu acredito que as mulheres têm o direito de serem livres e independentes, ou de ganharem seu salário de acordo com sua função de forma justa ao invés de serem discriminadas pelo simples fato de serem mulheres? Hell, yeah!

Agora, se eu me vejo no estereótipo feminista atual? Não.

Entenda, eu acho o máximo o quão únicas somos como mulheres e como podemos ser fortes mesmo com nossas fragilidades. E acredito que é isso que nos torna tão genuínas.

O ideal de liberdade feminina me encanta. Ele coloca lá embaixo a teoria de que o papel da mulher é casar, procriar e só.  Mas eu, particularmente, não encontro compatibilidade com o discurso feminista atual que prega contra o conservadorismo e apoia o aborto com a desculpa: "meu corpo, minhas regras", mas que impõe à mulher um molde ideológico em prol de uma agenda política a ser seguida como requisito para se enquadrar no movimento.

Porém, não menosprezo o feminismo. Gigante como é, a causa feminista é digna de atenção quando sabe como escolher suas batalhas. Mas acredito que todo movimento, seja ele político ou social, tem seus lados extremos que encaram todos os outros como insignificantes. Por isso mesmo não gosto de me apegar a rótulos.

Se uso uma camiseta dizendo que o futuro é feminino, isso não significa que menosprezo o papel do homem na sociedade, mas que sou, na verdade, uma admiradora das conquistas das mulheres e reconheço seu impacto no futuro como bastante significativo. Mas isso não faz de mim uma feminista, assim como acreditar que um condenado por corrupção não tem o direito de concorrer à presidência não faz de mim uma eleitora do Bolsonaro.

Na minha concepção, abraçar um rótulo é se comprometer com todo o movimento - mesmo a sua parte corrupta. E o problema nesse ato é a maneira como o rótulo em si reduz pessoas à debates hostis quando não alinhados com suas filosofias particulares.

Então, permaneço sem ser feminista, sem partido e sem rótulos. Mas se quiser me rotular, que ao menos seja como alguém que está em busca de sensatez no meio de toda essa bagunça generalizada que virou a sociedade.