Cheguei prematuramente à fase do cansaço da "velha juventude clichê" - foi o que pensei ao sentar no banco de trás do carro de Bruna carregando o salto alto nas mãos. Não é difícil chegar à tal conclusão quando o que sente no final da balada não é bem aquele sentimento de excitação depois do que deveria ter sido um evento "super divertido, yupii!".
Não que eu sempre tenha sido fã de baladas. Comecei a experimentar esse tipo de diversão ano passado, quando arrastada para uma delas me vi achando o som do cavaquinho não apenas tolerável - o que já seria demais para alguém que dizia detestar todo tipo de música que não estivesse em meu seletivo grupo de gostos musicais - mas também divertido. A partir daquele momento eu não estava tolerando um pagode, eu estava curtindo um pagode.
Foi interessante. Passei a abrir minha cabeça para outros tipos de músicas, mas consegui manter o bom gosto. É uma coisa intrínseca à mim, que sempre esteve atrelada à trajetória que me fez ser quem eu sou - tenho paixão em adicionar trilhas sonoras à minha vida, continuo achando que vivo num filme.
O problema - ou a benção - é quando somem todas as vontades que antes te levavam a passar horas se arrumando para conseguir que estranhos te olhassem e amaciassem seu ego enquanto você dançava ao som de alguma música escrota sem estar nem aí para o quanto ridícula sua dança parecesse - o álcool acaba ajudando.
É como o abrir os olhos para a realidade. É gente demais tumultuada, suando e cheirando a bebida e cigarros - é quase como pagar um preço absurdo para ter a mesma sensação de andar de transporte público. Só que é mil vezes pior, porque como se não bastasse ser empurrado para todas as direções e derramarem cerveja em seus sapatos você ainda tem que lidar com o sono, os caras chatos que realmente acreditam que "as minas piram quando chegam na balada fazendo rodinha com baldinho de cachaça", a maldita dor no pé e a culpa na consciência por ter escolhido por livre e espontânea vontade se torturar com o maldito sapato só porque é lindo.
Eu devia ter encarado minha vontade de sentar logo que cheguei na balada como um sinal. Aquilo não era pra mim. A minha praia é conversar, rir, dançar em um espaço razoavelmente aceitável e não ser esmagada por dezenas de pessoas, ou observar cenas depreciativas de gente que se convenceu de que aquilo é diversão.
Sou mais fã de um sorriso, de piadas ruins que se tornam engraçadas entre amigos, das tentativas de aprender forró universitário com aquele colega meio sem noção. Eu não perdi minha vontade de ser jovem, só abandonei os clichês que os iludem. Encher a cara, pegar todos, fumar...Honestamente, dispenso. No final das contas sei o que eu sou. Sou old fashion.