domingo, 29 de abril de 2012

Evolução ou retrocesso?




 Reconhecida a constitucionalidade das cotas raciais nas universidades públicas, vêm à tona um novo debate  acerca do tema. Seria isso um avanço na luta contra a desigualdade racial ou apenas mais uma maneira de aumentar os preconceitos?
 Não é de hoje que os negros lutam incansavelmente por mais igualdade. A história é longa, passa pelo período feudal, pelos anos 60 com seu mais célebre representante, Martin Luther King e chega aos dias de hoje.
 Os avanços são incontestáveis, mas o preconceito deixou suas brechas e permanece enraizado na sociedade atual, sendo visto no dia a dia com mais frequência do que parece, seja em piadas, no futebol e na política, abrangendo um conjunto surpreendente de segmentos adotados pela mídia.
 As cotas raciais são, aparentemente, mais uma vitória em uma das tantas batalhas travadas para garantir ao negro os diretos que lhe foram tirados injustamente desde os primórdios da história. Porém, é claro que a discussão não acaba aí.
 Se a cor da pele não é o que define o caráter, por que diabos definiria o nível intelectual de cada um? É certo que uma coisa é adotar cotas para estudantes de escolas públicas, cujo ensino é em sua maioria mil vezes inferior que o de escolas particulares, mas a ideia de um bônus adicional aos indivíduos cujas certidões de nascimento indiquem cor parda ou negra tende mais a reforçar aquilo contra o que tanto lutam do que diminuir preconceitos e aumentar chances de sucesso para eles.
 A intenção das cotas é boa, mas lembremos que de boas intenções o inferno está cheio. Eis aí a raiz que faz brotar a desigualdade. E não só contra os negros, mas sim contra homossexuais, tatuados, góticos, corintianos, nordestinos, que seja! Passamos a lutar por uma causa que abrange muito mais do que um grupo de pessoas e esquecemos de pensar no todo. Afinal, debaixo de nossas peles bate o mesmo coração.
 Ora, pois o presidente da maior nação do planeta é um negro! Não seria esta a prova de que os negros podem chegar tão longe quanto os brancos? A história de superação dos negros é linda, marcada de muito sofrimento, mas de muita fé e persistência. Não abandonemos a fonte daquilo que nos motivou por todos esses anos apenas porque apareceu uma “solução” mais fácil.
 A sociedade em geral precisa de uma lavagem em seus preceitos. Lutar pela igualdade, ao pé da letra, parece ser uma causa nula. Ninguém é igual a ninguém. Ser diferente é natural, é um direito. Precisamos aprender a lutar por mais respeito. E é justamente nesse respeito que está mesclado os direitos e os deveres.
 Nossa luta deve ser em favor do respeito às diferenças e não uma tentativa de padronizar comportamentos e atitudes por meio dos clichês da atualidade.


Daniela Souza é brasileira, parda de cabelos pretos, e nem por isso se sente menos capaz do que seus amigos de pele clara.

domingo, 15 de abril de 2012

Momento mal-educado



 O negócio é o seguinte: cansei dessa PUTARIA!
 Essa coisa de não querer magoar seus sentimentos ou de tentar parecer uma "dama" já me cansou. A verdade é que eu sou assim, divertida porém meio rabugenta. Eu brinco com a verdade, e te encho de indiretas. Acaba-me a paciência quando você não se toca na primeira vez.
 Prioridade é algo que deve ser merecido! Reclamações e ceninhas dramáticas não me interessam. E não! Eu NÃO VOU sentir peninha de você com seus dramas fúteis.
 Pode me chamar do que for: chata, metida, criança, bruxa... FODA-SE! A pessoa que você conheceu é exatamente assim e não está disposta a mudar só para te agradar. Pergunte a si mesmo: Você merece? Bem, nós dois sabemos bem a resposta.
 Eu não sou qualquer uma. Pra me conquistar, precisa ralar muito. Já ouviu o ditado: "Quem quer rir tem que fazer rir?". Pois é! Palavras bem colocadas e olhares charmosinhos não são o bastante. Esforce-se um pouco mais, ou então não o faça.
 Sério, gaste sua energia de maneiras produtivas, ao invés de tentar aniquilar minha paciência com toda essa pose de "Eu sou o bom".  Afinal, você não é. Sabemos bem que você não passa de um estereótipo clichê de homem que pensa ter o mundo aos seus pés. O quão triste isso é? Estou lhe fazendo um favor! Te trazendo para a realidade, mostrando-lhe o quão ridículas são suas atitudes.
 Não me leve a mal - ou leve, dane-se. Eu sei que em algum lugar aí dentro você está sufocando a pessoa maravilhosa que tenta incansavelmente sair. Porém, sejamos sensatos: quando ela desistir, quero ver quem é que aguentará para o resto da vida um FILHO DA PUTA IGUAL A VOCÊ!

Beijinhos.

domingo, 8 de abril de 2012

Ok. Let's do this!



 Era meio dia quando me encontrei parada em um ponto de ônibus cujos ônibus recusavam-se a parar. Levei numa boa, afinal eu não estava à espera deles. Aquela era só uma de minhas antigas táticas de esperar alguém sempre que chego cedo demais para algum compromisso.
 É claro que eu deveria estar puta – de fato, fiquei por quase 40 minutos enquanto tentava entender as complexas concepções de Thomas Hobbes em minha frustrante tentativa de parecer a garota culta no ponto de ônibus desativado. Estava calor, eu estava adiantadíssima, caminhoneiros soltavam cantadas ridículas – como se eu esperasse por isso – e para completar, era feriado. Pois é.
 Não que eu tivesse grandes planos para o feriado. Não era como se estivessem chovendo convites para saídas em meu Facebook – e se estivesse eu provavelmente os ignoraria. Mas apesar disso tudo, eu permaneci tranquila e paciente. A verdade é que eu estava apenas a alguns passos do local onde eu colocaria fim às minhas dúvidas - Eu deveria mesmo ser jornalista? Coloco o plano B em prática?
 O letreiro, aos meus olhos, sedutor, indicava a porta de um mundo que eu imaginara desde a adolescência: “O Estado de S. Paulo”. Pois é, eu acabara de pisar sob aquele que provavelmente havia sido fruto de um desejo antigo de trabalho, ou melhor dizendo, de vida. Mas apesar disso, a ansiedade não bateu ponto para fazer com que o nervosismo me dominasse. Os dilemas que decidiriam minha vida não me atormentaram. Era só mais um dia comum, fazendo um trabalho comum, em que eu conheceria uma pessoa comum.
 Claro que na visão deturpada de aprendiz, um jornalista é praticamente um astro de rock para alguém que deseja seguir seus passos. Ou seja, eu.
 Douglas, um dos editores da seção “Divirta-se” do jornal Estadão, nos recebeu muito bem. Seu visual despojado de jovem-adulto apreciador de boa música já chamou minha atenção. O cara é um descolado, com certeza – pensei.
 A ideia inicial era entrevistá-lo, e a previsão de tempo era de no máximo vinte minutos, afinal eu só havia elaborado oito perguntinhas básicas. Um mero engano! A história de vida e suas motivações jornalísticas renderam pouco mais de uma hora e meia de uma conversa considerada por mim uma das mais interessantes e instigantes que já tive em toda a minha vida.
 Se eu pudesse definir a entrevista em uma palavra, escolheria “Inspiradora”. Dentro daquele prédio, cercada de plaquinhas que indicavam diversos temas como “Economia” e “Política”, eu me enxergava, não mais como uma garota cujos textos românticos dominavam seu blog. Eu enxergava uma mulher independente, cheia de ideias, críticas e argumentos, disposta a fazer com que o mundo os ouvisse, ou os lessem.
 Então, na volta para casa percebi que não era o espaço físico que havia despertado tamanha certeza do que eu queria na vida. Era a ideia, a energia, as pessoas. Eu voltara para a época da adolescência onde ansiava em tornar-me merecedora do título de uma profissão tão bela, sagaz e inspiradora. A diferença é que antes o ‘sonho’ parecia distante demais para algum dia tornar-se verdade, e agora se transformara em ‘objetivo’.
 Eu já havia dado a largada e começava a passar por etapas. Passei por momentos desanimadores? É claro. Especialmente nas vezes em que abria o Word e passava horas observando aquela folha branca, vazia, sem ideias, sem argumentos. Apenas com o medo da falta de vocação rondando minha mente.
 As dúvidas se calaram, o medo tornou-se manipulável e deu espaço para uma força de vontade que eu não via já fazia um tempo. E o mais importante, descobri algo que talvez mude minha vida para sempre a partir deste exato momento: Ser jornalista não é apenas uma profissão ou uma paixão, é o rumo que decidi seguir, definitivamente, na minha vida.

Monólogo sobre o amor e a maturidade




  Eis alguns fatos: Eu cansei de esperar o amor. Cansei de esperar pela felicidade e de imaginá-la num dia de outono com um lindo moreno de olhos azuis e sorriso sedutor. Esses pensamentos agora fazem parte de um passado remoto. Aquela mente fértil e ingênua sumiu, não definitivamente, afinal ainda posso ler o que ela me transmitia desde os meus 14 anos.
  Algo maduro e autossuficiente tomou conta de meu subconsciente. Agora, promessas não passam de palavras que são quebradas mais facilmente do que deveriam, os homens que aparecem na minha vida ainda são, na verdade, meninos. As músicas sobre estar apaixonado ou revoltado não passam de melodramas adolescentes fúteis que serão esquecidos dali a um mês.
  Meu romantismo agora resume-se aos contos, crônicas e comédias românticas – que insistem em dar as caras quando o mundo está desinteressante demais para mim. Não aceito mais nada pela metade. Se for para fazer algo, que tal fazer direito? O constrangimento não é nada quando há algo mais importante além dele.
  Não me contentarei mais em ser a segunda opção – nem a terceira, quarta, quinta ou vigésima.   Descobri algo mágico chamado autoestima, que me abriu um caminho de possibilidades incríveis que me levaram ao amor-próprio.
  Ser gentil não significa estar afim, assim como ser rude não significa ser metida. Porém, se sou, o que há de mais nisso? Descobri com uma grande amiga que ser metida não envolve necessariamente sentir-me melhor do que todo mundo, mas sim gostar e acreditar em si mesma.
  Nunca sofri de grandes desilusões, e não me acho imune a elas – embora um alarme soe escandalosamente em minha cabeça todas as vezes em que detecta alguma furada. Há algo de mais inteligente em não agir por impulsividade. Será mesmo que alguns momentos de prazer valem uma consciência suja ou pesadas lágrimas sob o tapete do quarto?
  O amor é um estado sublime de felicidade que não se força ou se procura. Ele te acha, ele acontece. O caminho mais fácil e mais prazeroso é justamente aquele que nos levará à ruína através de suas promessas de amor verdadeiro. Livre-se dele, desvie.
  Ao contrário do que pensam, amor e razão andam lado a lado. O que nos cega é a paixão, volúvel demais para os corações frágeis e também para os fortes.
  Aprendi da forma fácil. Não fui magoada ou traída, não morri de amores por alguém. Na verdade, vi pessoas serem magoadas e agarrarem-se a algo que só aparentava ser definitivo. Ou seja, aprendi com os erros dos outros. Tirei proveito dos conselhos e experiências daqueles que um dia sofreram mais do que gostariam apenas por um falso “Eu te amo”.
  Não me tornei fria ou dissimulada. Tomei apenas a decisão mais sensata e inteligente: não entreguei meu coração para quem teria prazer em destruí-lo.