quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Aquele sobre começar de novo


Passo por aqui vez ou outra porque sou nostálgica.

Algo no passado me atrai, e acredito que sejam as possibilidades que deixei passar. 

Uma vez li que escolher um caminho implica em deixar de escolher todos os outros. E se você curte a ideia de mundos paralelos como eu, deve imaginar como a distração de visualizar as diferentes alternativas pode ser tentadora.

Mas se existe uma verdade em tudo isso é que o passado não pode ser mudado. O clichê que diz que só podemos ter controle sobre o que escolhemos aqui e agora é real, e não há muito a fazer a não ser optar por tomar escolhas melhores - e deixar de cometer os mesmos errinhos idiotas.

Parte do que me fez sentir tentada a escrever sobre o passado é o fato de que estou recomeçando. E embora seja emocionante me deparar com mais possibilidades do que eu conseguia enxergar antes, ainda é assustador. Até onde sei, no recomeço, tudo é uma questão de 50/50. Há 50% de chances das coisas melhorarem e 50% de piorarem. Alguns podem achar pessimista, mas eu acho uma visão bem equilibrada, considerando o mundo louco em que estamos vivendo.

Pra mim só não vale a estagnação. Estagnar me deprime, e não digo isso para romantizar o texto. Já tive diversos episódios em minha vida em que o fato de estar no mesmo lugar me deprimiu de forma consistente e, acrescentando outras questões, quase brutal.

Parte disso acontece comigo porque tenho a impressão de que todos esperam que a gente tenha um plano de vida, mesmo que a longo prazo ele acabe não se concretizando, a ambição precisa ser real para que as pessoas te considerem bem sucedida ou com um mínimo de possibilidade de sucesso.

Eu costumava fazer muitos planos, e me orgulhava deles. Claro que, com 27 anos, eu já entendi que nem tudo acontece exatamente como queremos. E mesmo quando acontece, sempre parece sobrar um espaço nos dizendo que ainda falta algo - que geralmente não sabemos dizer ao certo o que é.

Na tentativa de simplificar minha vida, também simplifiquei meus planos: meu plano agora consiste em encontrar certo grau de alegria e contentamento durante a jornada. Na prática, isso envolve questões muito mais complexas que eu, honestamente, não estou afim de descrever aqui.

O único problema desse plano é que ele não é detalhado ou ambicioso o suficiente para agradar um mundo que exige tanto do indivíduo. E quando me perguntarem a respeito, eu vou acabar adicionando detalhes criados no calor do momento, enquanto uso o tom de palestrante que tanto me irrita quando usado por outros.

Recomeçar é o que me resta, sabendo que recomeços como esse sempre acabaram me levando para caminhos inesperados. Oremos para que sejam bons caminhos.