Sou daquelas que quando faz alguma cagada se apóia na desculpa de que não estava fazendo nada. Pois é, sei que assim como eu, muitas já se tornaram mestres na filosofia do "Ah, tô fazendo nada, mesmo". Esta filosofia - que recomendo muito em casos de coração partido - faz parte daquela fase conturbada: quando você percebe que não importa o quanto você se esforce pra mudar alguém, isso não vai acontecer. Veja bem, nunca.
No mínimo você tentará mudar a si mesma. E acredite, vai acabar virando uma megera. Daquelas que só usam, fazem com que os outros paguem na mesma moeda. E veja bem, não é totalmente sua culpa: é culpa do mundo, eu entendo.
O lado bom é que logo irá parecer que você sequer tem um coração, o que significa que tira de suas costas todo o peso de sentimentos extremos, paixões platônicas e ilusões amorosas. O filtro da verdade vai parar no lugar vazio em que um dia sentiu o pulsar desconjuntado das batidas frenéticas despertadas pelo hormônio da paixão.
O lado ruim é que, bem...Se não tomar cuidado, vai mesmo acabar ficando sem um coração.
Não vou mentir: eu estou adorando esta fase maravilhosa de desapego. Pela primeira vez em muito tempo me sinto bem o bastante para não ter que me importar em agradar alguém, e isso têm refletido em tudo. Menos, é claro, em meu medo de me apegar. Por melhor que seja toda essa nova forma de enxergar as coisas, ela só contribuiu para que este meu estúpido medo aumentasse. Afinal, de algum jeito o meu filtro da verdade está na ativa até mesmo quando eu penso que o desligo.
Sabe o que é isso? Tentar acreditar em algo e sentir minha mente trabalhando freneticamente para me convencer de que tudo não passa de baboseira. E isso é péssimo. Significa dizer que algum dia eu terei que deixar de ter um pé atrás e passar a acreditar que algo vá realmente dar certo - o que nem sempre é tão maravilhoso quanto parece.
Eu ainda estou na fase do "Ah, não tô fazendo nada!", e a influência disso na minha vida têm sido uma das melhores possíveis. Sempre terá algo a ver com autoconfiança e liberdade. É como viver no extremo entre o certo e o duvidoso e mesmo assim não dar a mínima porque simplesmente não importa.
Por esta razão é que continuarei seguindo esta filosofia por algum tempo. Quem sabe o que o futuro têm pra mim pela frente? Vai ver eu tinha mesmo que aloprar e viver de acordo com as minhas regras no que diz respeito ao coração. E quando ele tiver que ser restaurado ao "maravilhoso mundo dos sonhos" que é a paixão, apesar de cicatrizado, estas mesmas cicatrizes o farão lembrar do que não fazer - o que não diz muita coisa, já que o amor envolve tudo menos regras ou procedimentos padrões. Ou seja, nós nunca saberemos como lidar com ele procurando respostas na teoria.
O coração cicatriza, mas não fica imune à novos machucados. O meu não é exceção. Pois é, meus queridos, ele bombeia sangue assim como o seu, e eu continuo propensa à tê-lo partido e repartido em vários pedacinhos, esperando conseguir restaurá-lo para a próxima batalha.
É o ciclo das coisas. Coração inteiro nunca sentiu algo a mais. Prefiro o meu cheio de hematomas. Me faz lembrar que, apesar de tudo, estou mais viva do que nunca.