Nas últimas duas
semanas, Rita Lee esteve na mira da mídia e do público muito mais do que o
normal. O episódio o Brasil inteiro viu: último show da carreira, briga com a
polícia que gerou desacato e acusação de apologia ao crime.
Muitas pessoas aplaudiram a atitude da
cantora. Foi um caloroso “Muito bem, Rita!”, “Falou e disse”. Muitas das
críticas concentraram-se na atitude da polícia, que já não é vista com bons olhos
por boa parte da sociedade. Mas um fato em questão quase não apareceu nos
debates a respeito deste acontecimento: Por que a polícia agiu daquela maneira?
A resposta é simples e conhecida: uma busca por drogas.
Todos nós temos liberdade para falar o que bem
entendermos, mas sendo uma pessoa que exerce certa influência sob milhares de
indivíduos as palavras precisam ser escolhidas com sabedoria. Ao abrir a boca
Rita Lee não apenas desmoralizou o trabalho da PM, como também influenciou
ainda mais uma geração a aceitar as drogas como algo normal. Seu discurso foi
claro ao, ela mesma, pronunciar: “Cadê o baseadinho pra eu fumar aqui agora?”.
De repente, é como se as pessoas esquecessem
que um “baseado” não é um simples cigarro feito para ‘relaxar mente e corpo’, mas
sim uma arma poderosa para o financiamento do tráfico de drogas. Não é difícil
de concluir que a maconha é o pontapé inicial para o consumo de drogas mais
fortes como a cocaína e o crack. E isso por sua vez a faz obter uma parcela
significativa de culpa em relação ao aumento da criminalidade. E quem ganha com
isso? Os traficantes, responsáveis pela destruição de diversas famílias devido à
venda destes entorpecentes.
O que Rita Lee fez, conscientemente ou não,
foi um belo de um merchandising, o que torna a acusação de apologia ao crime
plausível. Porém, é preciso entender tal
atitude. A ditadura deixou marcas definitivas em quem a vivenciou e foi vítima,
como a cantora. A repressão ainda é capaz de causar revolta, e foi exatamente
isso que aconteceu: uma explosão de revolta de uma ex-vítima da ditadura
militar, um dos períodos mais obscuros da História brasileira. Mas então eu
pergunto, justifica?
Sinceramente, não.
Querendo ou não, a lei existe para ser
cumprida. O dever da polícia é fazê-la ser cumprida. Além de desacatar a
autoridade ali presente, Rita Lee expôs os policiais a um sério risco de
agressão por parte do público. Neste caso, não acredito em punição – embora
concorde com uma indenização cuja metade seja destinada para um fundo de
combate às drogas, mas quem queremos enganar? Isso aqui é Brasil!
Mas tudo bem, falar demais não é pecado.
Porém, convenhamos, não é Rita? Se não tem algo de útil para falar, é melhor
ficar calada, concorda?