sexta-feira, 30 de março de 2018

Sobre os 25


Agora pouco estava esperando uma mensagem de algo um tanto quanto insignificante, e a demora me deixou mais nervosa do que eu deveria.

Aos 25 anos você não espera mais sofrer de ansiedade. Aos 25, você espera estar formado, viajando pra caramba, em um relacionamento sério ou talvez solteiro e flertando por diversão. Você espera ser um adulto confiante e bem resolvido, capaz de manter o controle sob aquilo que pode ser controlado, mas deixar ir tudo o que está fora do seu alcance.

O problema é que ninguém me disse que eu ainda ficaria nervosa em um novo emprego, ou em conhecer alguém novo. Que eu gaguejaria ao tentar manter uma conversa em outra língua, ou que eu teria que continuar sorrindo diante de situações constrangedoras como aqueles momentos silenciosos tão temidos num primeiro encontro.

Eu esperava a essa altura da minha vida não me importar tanto em falhar e depois recomeçar. Eu esperava que o meu corpo se adaptasse rapidamente às situações desafiadoras como falar em público, mas as minhas mãos ainda tremem enquanto eu tento gesticular para disfarçar.

Pensei que estaria mais incomodada com o silêncio dos meus próprios pensamentos e com os momentos solitários que o acompanham. Mas ainda me pego apreciando a solitude ainda mais do que antes.

Eu achei que estaria cercada de amigos, que seria a descolada da turma, a que paga a conta no final da noite, a que releva as conversas idiotas e abaixa o padrão só pra não estar sozinha. Mas encontrei em poucos bons amigos o que nunca encontraria em uma multidão de conhecidos.

Talvez eu nunca tenha de fato parado pra pensar nisso, mas no fundo, por maiores que fossem as minhas ambições, eu acreditei que seria o tipo de pessoa que voltaria com o ex por não conseguir enxergar o meu valor, que aceitaria uma vida sem grandes emoções, que me acostumaria em ter o mínimo, porque já era melhor do que nada. 

Meu maior medo ainda é o de ser a pessoa frustrada dentro de um casamento, emprego ou seja lá o que vier. Frustrada por ter deixado me dominar pela ideia de que eu não poderia conseguir chegar aonde minha ousada imaginação me levava. Frustrada por me casar pelos motivos errados, com a pessoa errada. Ou por estar no mesmo lugar há anos sem nenhuma perspectiva de mudança.

O lado bom dos nossos medos é que ele nos dá uma escolha. Quando meu coração bate acelerado e minha mente implora pra eu desistir, minha escolha é a de ser teimosa o bastante pra insistir até todas as minhas forças se esgotarem. Mas quando meu instinto de desistir não é pelo medo, mas pelas possibilidades melhores que um caminho diferente me traria, eu escolho dar ouvidos a ele.

Agora aqui estou eu, longe de casa, longe dos meus amigos mais próximos, e com certeza longe de ser a personificação da adulta ideal. Escolhendo caminhos longos e mais difíceis. Esperando pelos bons frutos que nem sempre chegam tão rápido quanto eu gostaria, mas aproveitando o que a jornada tem me ensinado e colocado à minha disposição.

Eu ainda estou crescendo. Eu ainda busco na minha vida ser a melhor versão de mim mesma. 

Mas mesmo ainda lidando com problemas inevitáveis, a Daniela de 20 anos nunca imaginaria gostar tanto de sua versão atual.