domingo, 13 de março de 2022

O fim de uma década


Está chegando, e eu já posso sentir em meus ossos: o fim dos meus 20 anos.

Já consigo imaginar o monólogo mental dramático passando pela minha cabeça: "Jovem, passou a década de seus 20 cometendo erros, avaliando riscos, tendo crises de ansiedade, medos estúpidos e sendo babá de homens imaturos por curtos períodos de tempo. Mas também deu pequenos passos em direção à grandes coisas, superou alguns medos, teve bons momentos, viajou, sofreu um bocado, mas aprendeu a seguir em frente. Aqui jaz os meus 20".

Reconheço a carga dramática que coloquei no discurso, mas na realidade não acho uma lástima o fim de uma década de confusão emocional e decisões equivocadas. Deve ser aqui que a vida começa a se estabilizar, e as coisas pequenas que víamos como grandes problemas começam a parecer insignificantes. Ou talvez eu só esteja me habituando muito bem à minha mais recente liberdade de não ligar.

É verdade que ás vezes ainda me pergunto se consegui atingir o equilíbrio ou se só estou ignorando todas as minhas emoções conflitantes em troca de paz e sossego. 

Não quero que pensem que eu sou muito experiente nessa coisa de ter quase 30. Ser adulto continua sendo uma incógnita, afinal, eu não desbloqueei os desafios de se ter um filho, ou um relacionamento saudável e estável. Na verdade, me encaixo muito bem no perfil da minha geração de milleniums enquanto invisto em mim e na minha liberdade financeira e emocional. Talvez eu nunca queira ter filhos, e as pessoas casadas continuam me dando conselhos práticos como "Nunca se case" - não são eles um bando de otimistas?

Até onde eu sei, a próxima década pode ser a melhor da minha vida. Felizmente, aprendi, ainda que tarde, que não dá pra controlar as decisões dos outros. E por mais que elas me afetem, eu sou a única responsável em determinar como vou lidar com isso - muito embora a minha forma atual de "lidar com isso" seja por meio de terapia e vinho.

Por fim, deixo aqui alguns conselhos práticos que aprendi ao longo dos meus anos dourados:

1. Família é importante: mesmo que sejam barulhentos e ás vezes meio dramáticos, eles não vão estar sempre por perto, então aproveite todo o tempo possível com eles.
2. Quase ninguém sabe o que tá fazendo e a maioria das pessoas está fingindo ter tudo em ordem, então não se preocupe em ser perfeito, até porque ninguém é.
3. Não importa o que aconteça: não mande mensagens pro seu ex quando estiver embriagada.
4. Escolha as suas batalhas. Ninguém precisa ter opinião sobre tudo. Afinal, "tudo" é muita coisa.
5. Dê um jeito de gostar da própria companhia. Se você não se tolera, que dirá nós, meros mortais!
6. Tenha uma playlist para tomar vinho. Por nenhuma razão específica, só porque eu acho legal.


Notas: A autora completou recentemente 29 anos, mas ocasionalmente diz por aí que tem 24.



quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Aquele sobre começar de novo


Passo por aqui vez ou outra porque sou nostálgica.

Algo no passado me atrai, e acredito que sejam as possibilidades que deixei passar. 

Uma vez li que escolher um caminho implica em deixar de escolher todos os outros. E se você curte a ideia de mundos paralelos como eu, deve imaginar como a distração de visualizar as diferentes alternativas pode ser tentadora.

Mas se existe uma verdade em tudo isso é que o passado não pode ser mudado. O clichê que diz que só podemos ter controle sobre o que escolhemos aqui e agora é real, e não há muito a fazer a não ser optar por tomar escolhas melhores - e deixar de cometer os mesmos errinhos idiotas.

Parte do que me fez sentir tentada a escrever sobre o passado é o fato de que estou recomeçando. E embora seja emocionante me deparar com mais possibilidades do que eu conseguia enxergar antes, ainda é assustador. Até onde sei, no recomeço, tudo é uma questão de 50/50. Há 50% de chances das coisas melhorarem e 50% de piorarem. Alguns podem achar pessimista, mas eu acho uma visão bem equilibrada, considerando o mundo louco em que estamos vivendo.

Pra mim só não vale a estagnação. Estagnar me deprime, e não digo isso para romantizar o texto. Já tive diversos episódios em minha vida em que o fato de estar no mesmo lugar me deprimiu de forma consistente e, acrescentando outras questões, quase brutal.

Parte disso acontece comigo porque tenho a impressão de que todos esperam que a gente tenha um plano de vida, mesmo que a longo prazo ele acabe não se concretizando, a ambição precisa ser real para que as pessoas te considerem bem sucedida ou com um mínimo de possibilidade de sucesso.

Eu costumava fazer muitos planos, e me orgulhava deles. Claro que, com 27 anos, eu já entendi que nem tudo acontece exatamente como queremos. E mesmo quando acontece, sempre parece sobrar um espaço nos dizendo que ainda falta algo - que geralmente não sabemos dizer ao certo o que é.

Na tentativa de simplificar minha vida, também simplifiquei meus planos: meu plano agora consiste em encontrar certo grau de alegria e contentamento durante a jornada. Na prática, isso envolve questões muito mais complexas que eu, honestamente, não estou afim de descrever aqui.

O único problema desse plano é que ele não é detalhado ou ambicioso o suficiente para agradar um mundo que exige tanto do indivíduo. E quando me perguntarem a respeito, eu vou acabar adicionando detalhes criados no calor do momento, enquanto uso o tom de palestrante que tanto me irrita quando usado por outros.

Recomeçar é o que me resta, sabendo que recomeços como esse sempre acabaram me levando para caminhos inesperados. Oremos para que sejam bons caminhos.


sábado, 20 de junho de 2020

Mais devaneios sobre a vida adulta

5 razões pra você se expressar através da escrita

A vida moderna é um constante processo de reeducação sobre o novo mundo que nos cerca.

Quer um exemplo? Tenho aprendido a me colocar no lugar de mulheres em histórias alheias. Sabe como temos a mania de ir na onda no meio de uma conversa que envolve alguma reação aparentemente exagerada de uma mulher? Hoje eu me pergunto se a tal mulher era mesmo doida ou sensata. É uma percepção que fica cada vez mais apurada sempre que conheço um homem que intitula a ex de louca.

Outra questão que é uma constante na minha vida são meus modelos. Quem admiro diz muito sobre quem eu almejo ser. Mas passei a maior parte da minha vida admirando o que me diziam que era admirável, e tentando alcançar um padrão de beleza e comportamento quase inalcançável. Infelizmente, isso deixou marcas na minha autoestima que até hoje tento apagar.

Não é um processo fácil. Foram anos sendo apresentada pela mídia à mulheres que não tinham o meu biotipo, a cor da minha pele ou a personalidade introvertida que carrego. O modelo de mulher que eu queria ser aos 17 anos era irreal, mas ainda sim uma demanda daqueles que me cercavam. Era como se ser eu fosse errado.

Quando vejo mulheres reais, talentosas e genuínas tomando posicionamentos a fim de mudar o senso estereotipado de uma sociedade tão obcecada por padrões de beleza e popularidade, me sinto menos sozinha do que me sentia quando era adolescente e tudo o que eu mais queria era ser como as modelos das revistas, esperando ser respeitada, aceita e quem sabe até amada.

Ao acompanhar mulheres reais tomando espaço no entretenimento, na política e em tantos outros setores da indústria, me sinto representada no meio de uma sociedade que adora dar bons discursos sobre saúde e beleza, mas que rejeita o que vai contra os seus próprios termos.

Meus 27 anos têm sido uma oportunidade para que eu possa olhar para dentro, me enxergar pelo o que eu sou e permitir que os outros também me enxerguem. Mas eu ainda tenho meus momentos de insegurança, quando tento me moldar às expectativas alheias para me sentir menos deslocada e evitar rejeição. Ainda penso nisso ao final de alguns dias, enquanto tento encontrar a solução para os problemas que crio em minha cabeça. 

Ainda penso nas besteiras que fiz e gostaria de desfazer, nos amores que deixei escapar e nas oportunidades que deveria ter agarrado. Penso nas minhas más escolhas e me pergunto se as coisas poderiam ter sido diferentes, mas não me condeno mais por isso. Gosto de pensar que estou exatamente onde eu deveria estar. Talvez esse não seja mais o meu lugar daqui a 5 anos, mas é onde as mudanças acontecem e onde os sonhos e as conexões se formam. 

Talvez a coisa mais difícil seja ser fiel a si mesmo, especialmente quando tantas pessoas esperam que você seja algo diferente e se encaixe nos ideais alheios.

Os anos levaram para longe muitas pessoas e restaram poucos amigos para as festas e zoações na madrugada. Mas até que faz sentido: parte do processo de crescimento tem a ver com reconhecer e valorizar aqueles que ficam por perto, próximos o bastante para nos enxergar e nos aceitar como somos. E sejamos sinceros, nós não somos perfeitos.

Não somos politicamente corretos ou intelectuais o tempo todo, falamos besteira no meio do expediente, nos estressamos com coisas bobas durante o dia e por vezes somos imaturos quando desafiados ou quando não temos o que queremos. A verdade é que, mesmo adultos, podemos ser bem imbecis às vezes.

Privilegiados são aqueles que mantém por perto as poucas pessoas que, ao invés de nos julgar, desempenham gratuitamente o papel de nos ajudar a evoluir, seja com uma crítica construtiva, um conselho ou simplesmente disposição para ouvir nossas conquistas e nossas tragédias.

O fato é que estamos sempre em busca de admiração e aplausos, mas nosso aconchego está, quase sempre, longe dos holofotes, no lugar que nos permite nos despir de todas as máscaras e encontrar abrigo entre aqueles que aprenderam a nos amar por quem realmente somos. 

Eis aí um dos tesouros da vida adulta.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Quarta de quarentena



Olhar para o teto a acalmava. O ventilador, desligado em meio à uma época fria, a encarava de volta. A música ecoando pelo quarto era Billy Joel. A melancolia na voz de Billy era quase reconfortante, a fazia sentir-se compreendida.

A solidão e o tédio juntaram-se para atormentá-la, e de repente, a mente, antes preenchida com a suave melodia da música, deu lugar à ansiedade. O trabalho, suas inseguranças, seus medos reais e os inventados apareceram, todos de uma vez, como que para uma grande convenção.

Talvez ler a acalmasse, mas King não poderia distraí-la de si mesma naquele momento. Era um daqueles dias onde talvez nada fosse mais real do que aquela solidão latente.

A pior parte era a dificuldade em ter perspectivas. Em uma época dominada pelo medo da pandemia, pensar no futuro sempre a fazia visualizar um grande ponto de interrogação. Em situações normais, teria se distraído enquanto encostava-se na janela do ônibus e perdia seu olhar nas luzes da cidade, iria ao cinema para esquecer das responsabilidades que aguardavam por ela de braços abertos na manhã seguinte ou só esqueceria de tudo por algumas horas com a chegada do cansaço que a arrastava para cama antes das 22h todas as noites.

Mas aquelas não eram circunstâncias normais. Seu cérebro ainda focava no trabalho, seu quarto, antes tão almejado, agora parecia sufocá-la. Mas quem poderia explicar o que sentia e as razões que a levavam a se sentir daquele jeito se nem ela poderia? 

Desejou mais uma vez estar mergulhada nos romances de seus autores preferidos, como estava há algumas semanas. Ser transportada para um mundo inventado era a parte mais interessante de seu dia. Ainda mais quando ela era a responsável por tal ato. Quando suas próprias histórias preenchiam páginas e mais páginas em seu disco rígido, e os personagens dançavam e atuavam conforme a sua direção.

Sentiu falta de ser mais do que costumava ser. De sonhar mais, de ser mais livre. Mas hoje era diferente. Sentia-se cansada, desconectada e só. 

Solitude lhe atraía, mas solidão a assustava. Solidão a fazia pensar em tudo aquilo que poderia tê-la levado àquele ponto, e a atribuir a culpa a si mesma. Como se responsabilizar-se diminuísse a verdade que cerca cada um de nós: nascemos sós, morremos sós. 

Havia mais vida por trás dos maus pensamentos e das tramas desconexas que lhe passavam pela cabeça. Daqui há uns dias não lembraria da noite de hoje. Seria tão insignificante quanto qualquer outra noite guardada nas profundezas de seu subconsciente. Mas respirando fundo, ela deixou o turbilhão das emoções a invadirem.

Billy havia parado de cantar, e ela chorou mesmo sem a trilha sonora de fundo, mesmo sem saber o porquê, e o choro liberou a calmaria. 

Ainda não tinha todas as respostas, e Deus sabe que talvez ela nunca tivesse. Mas finalmente pôde respirar aliviada, como se lembrasse de que tudo bem sentir-se fora de controle e sozinha às vezes. 

Não era o fim do mundo, era só o fim de mais um dia.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Rascunhos

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Escrever requer vulnerabilidade, e pode acreditar que as melhores coisas que escrevemos são aquelas que não queremos que ninguém leia. Mas é um sentimento estranho. Ao terminar um conto que escrevi, fiquei tão empolgada que tive vontade de exibi-lo para meus amigos e estranhos no Facebook. Mas ao relê-lo, percebi que não teria coragem.

Embora eu conte a história de uma personagem fictícia, parte da história diz respeito à mim, às minhas experiências e aos meus sentimentos com relação à diversos assuntos, que abordo no decorrer da narrativa. E escrever é desnudar a alma.

Não é de se espantar que quando sou extremamente sincera comigo mesma, produzo textos que considero extraordinários. Muitos deles estão salvos no meu drive há anos, sem nunca terem sido lidos por mais de duas pessoas - eu inclusive. Isso porque as coisas da alma só são extraordinárias quando ditas - ou cantadas - com o coração aberto, a ponto de machucar-se.

Mas meus olhares sobre o mundo ainda são difíceis de serem admitidos, ainda que por mim mesma. Digo que reservo a intimidade exposta em meus textos para aqueles que comprometem-se a fazerem o mesmo, mas fui inspirada por pessoas que não se importaram em expôr-se para o mundo afim de o transformarem.

Vulnerabilidade, afinal, é um caminho de trancos e barrancos que só pode ser percorrido por aqueles que não se importam de ganhar alguns machucados e cicatrizes. Começo com esse texto, e algum dia, quem sabe, avanço para as histórias que foram geradas no fundo de minha alma.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Mais um discurso sobre amor e blá blá blá

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Não consigo mais falar de amor.

Não acredito que tenha a ver com ódio, mas suspeito que tem algo a ver com resignação - acabei de dar um google e com certeza a palavra é essa.

Falar de amor é, e sempre foi, complicado - embora o amor seja simples. Sentir-se amada também não é algo horroroso, pelo contrário, é desejável. Corações partidos são uma parte do pacote e acontecem. Não admiti-los é uma perda de tempo.

Mas corações partidos quebram pessoas, talvez não por inteiro, mas algumas partes delas. Minha teoria é de que todos nós somos meio quebrados de alguma forma, e tá tudo bem, contanto que não deixemos isso nos consumir. Só que eu não falo mais sobre o amor - embora, ironicamente, essa conversa trate de amor.

Nos últimos dias, um sentimento de resignação tomou conta de mim. Alguma coisa entre as casualidades do dia a dia tiraram um pouco do brilho que eu via em cima das minhas idealizações românticas.

Por muitas estações, as romcoms* diziam que, algum dia, alguém viria e te amaria do jeito que você é. Conheço o discurso. Ouvi o Sr. Darcy repeti-lo um milhão de vezes em "O diário de Bridget Jones":

"Eu gosto de você - pausa dramática - do jeito que você é".

Não que eu tenha me tornado uma completa cínica. Conheço pessoas que se apaixonaram apesar dos defeitos e que sabem detalhes aparentemente insignificantes sobre seus companheiros - que devem significar muito para eles. Não acho que nenhum deles tenha expressado isso em uma canção ou com alguma declaração estridente, mas suspeito que tenham tido seus momentos especiais - e ainda os cultivem. E isso, meus caros, é bonito demais. Provavelmente a razão de eu não ser completamente cínica.

Eu, por outro lado, não experimento disso há alguns bons anos. In fact, não me lembro de algum dia tê-lo feito genuinamente - uma memória em particular contesta esse pensamento, mas é bom deixar o passado bem enterrado.

Por isso eu me resignei. Evito os livros românticos, os romances água com açúcar - menos "Mensagem pra você" com a Meg Ryan, e não me importaria de assisti-lo infinitas vezes mais - e não espero mais pelo alguém que amará as minhas estranhas particularidades.

Vou dizer o seguinte: estou fechada para o amor até que alguém bata na porta - pausa dramática - e queira ficar.

Enquanto isso, tenho pela frente uma longa jornada aprendendo a gostar cada vez mais da minha própria companhia. Se não há quem se apaixone pelas minhas particularidades, que eu seja a primeira então, e que isso dure mais do que as paixões casuais no meio do caminho.



*comédias românticas

domingo, 12 de janeiro de 2020

Ressaca

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Se me perguntassem em qual momento eu tinha perdido minhas singelas paixões da infância, eu não saberia dizer. O que eu diria com certeza é que foi em algum lugar entre o fim da adolescência e o início da minha vida adulta.

Sempre achei que tinha a ver com a idade. O tempo é um fator decisivo pra mim, ao menos quando tento encontrar uma desculpa pra algo que eu deveria fazer mas não tenho feito. Como quando me perguntam se eu tenho ido à igreja nos cultos de quinta-feira e eu digo: "estou sem tempo" - o que não é uma mentira, mas diz muito a respeito das minhas atuais prioridades.

Dito isso, numa conversa franca como essa que estamos tendo, caro leitor, devo admitir que o tempo não tem nada a ver com isso. Na real, no fim tudo se resume à prioridades. E quando eu paro pra pensar no que eu realmente tenho feito da minha vida, não consigo evitar de imaginar que ainda falta algo.

E acho que tudo bem, quer dizer, quem em sã consciência pode dizer que é completo, não é mesmo? Ao menos nestes tempos loucos de tecnologias infindáveis, temos que admitir que somos um bando de insatisfeitos que talvez, e verdade seja dita, nunca encontrem satisfação.

Com 12 anos, minha satisfação eram os livros. Acho que nunca vou me esquecer da sensação de conseguir ler Christine, do mestre Stephen King. Parecia impossível manter a minha atenção em um livro de 600 páginas, ainda mais quando tinha tanta coisa acontecendo ao meu redor. O Orkut era uma delas.

Os mundos literários que visitei quando criança parecem tão distantes agora. Embora me pegue lendo um livro ou outro sobre auto-ajuda e todos estes best sellers que supostamente deveriam nos ajudar a viver nossas vidas sem medo e blá blá blá, a sensação não é a mesma.

Agora, com quase 27 anos, e esperando voltar às minhas raízes depois de uma longa ressaca literária, resolvi encarar novamente o maravilhoso mundo das ficções. E como Christine era um dos mais memoráveis para mim, quis dar uma nova chance à Stephen King. Comecei com "Novembro de 63", seguido de "Sob a redoma" - que mofava em minha prateleira por quase 4 anos - e agora "O Instituto". A lista ainda é grande e, embora eu esteja em uma fase que alguns poderiam chamar de "obsessiva" com King, devo acrescentar novos nomes e diferentes gêneros à lista.

Mas a razão de eu dizer tudo isso é que, parte de mim, a parte infantil e meio ingênua, que se impressiona fácil, voltou à superfície, timidamente. Não diria que ela voltou de forma dominante. Deixá-la tomar o controle na vida adulta seria insustentável. Porém, tem me feito bem. Com certeza, me afastado dos devaneios sombrios que vez ou outra fazem com que eu me sinta apenas um grão de pó na galáxia.

As narrativas, sejam elas escritas, cantadas ou adaptadas, dão um certo sentido à nossa vida. Eu não diria que respondem os por quês e comos, mas elas nos ajudam a focar nas conexões que temos uns com os outros e o que elas podem significar. E de alguma forma, me arrastam para longe das frivolidades que hora ou outra cercam a minha mente, mesmo que apenas por alguns momentos.